Brasil-Europa
Notícias atuais
Organização de estudos de processos culturais em relações internacionais (NG)
Academia Brasil-Europa (A.B.E.)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (I.S.M.P.S.e.V.)
Coordenação e redação: Centro de Estudos Brasil-Europa da A.B.E.
Direção geral: Prof. Dr. Antonio Alexandre Bispo, Universidade de Colonia, Alemanha
15.12.2014
Paris. Obras de Leopoldo Miguéz (1850-1902) interpretadas por Braz Velloso. Uma das duas gravações recentemente lançadas do pianista brasileiro Braz Velloso (Veja notícia anterior) adquire particular significado não apenas pela qualidade de suas interpretações, como também pela contribuição ainda maior que presta aos estudos musicológicos de orientação cultural: aquela dedicada a obras para piano de Leopoldo Miguéz. (Naxos 9.70199)
Nesse CD, gravado na Igreja Evangélica de Saint Marcel de Paris em novembro de 2011, produzido por Nikolaos Samaltanos e editado por Evi Eliades, o pianista inclui várias peças do compositor gravadas pela primeira vez. O CD inclui Souvenirs, op.20 (Nocturne, Mazurka, Scherzetto, Lamento); Scênes intimes, op. 24 (Berceuse, Chanson d‘une jeune fille, Conte Romanesque, Bavardage); Faceira (Valse-Impromptu) op. 28; Morceaux lyriques, op. 34 (L‘Improvisateur, Saudade, Pologne, La Mendiante, Plaisanterie); Nocturne, op. 10 e Allegro appassionato, op. 11.
O significado dessa realização de Braz Velloso e das obras gravadas apenas pode ser avaliado adequadamente considerando-se o debate de décadas que vem sendo desenvolvido em meios especializados no âmbito das instituições, eventos e cursos universitários voltados às relações entre o Brasil e a Europa.
Se Henrique Oswald foi considerado em conferências/concertos e simpósios - entre outros na Semana França/Alemanha/Brasil do Forum de 1982 - Leopoldo Miguéz tem recebido ainda maior atenção devido a seus estreitos elos com desenvolvimentos alemães. Estes, porém, inserem-se em contextos internacionais da época, devendo ser considerados na complexidade de suas interações e múltiplas dimensões, em particular também político-culturais.
A consideração de sua obra não é apenas de significado para o Brasil ou para a difusão da música de compositores brasileiros na Europa, como também para a própria pesquisa músico-cultural na Europa no âmbito dos esforços de desenvolvimento de uma musicologia histórica que procura superar posições convencionais delimitadas geograficamente e ampliar-se através de perspectivas teórico-culturais.
Essas amplas dimensões de significados recíprocos foi considerada entre outras ocasiões quanto à problemática wagneriana nas suas relações com o Brasil e na sua recepção francesa por ocasião dos 100 anos da Casa de Festivais de Bayreuth em 1976, no contexto do projeto de recepção musical no Brasil em 1979/80 e em simpósio das Comunidades Européias de 1982 a 1984. Essa consideração da reciprocidade em processos receptivos teve repercussões em trabalhos universitários voltados à Escola Nova Alemã nas suas dimensões internacionais, em particular no concernente ao Poema Sinfônico e suas expressões no continente americano.
O significado - e a problemática político-cultural - da obra de L. Miguéz esteve sobretudo no centro das atenções em concerto camerístico e sessão acadêmica solene realizada em Maria Laach sob o patrocínio da Embaixada do Brasil na Alemanha à época do Congresso "Música e Visões" (1999) do triênio pelos 500 anos do Brasil.
A realização sonora das obras para piano de L. Miguéz nesse CD de Braz Velloso representa assim, não só pela sua excelência interpretativa, uma contribuição de extraordinário significado para o desenvolvimento dos estudos especializados, tornando-se desde já material indispensável para apreciações e análises em aulas, seminários e colóquios.
14.12.2014
Paris. Obras de Henrique Oswald (1852-1931) interpretadas por Braz Velloso. O pianista brasileiro Braz Velloso, radicado em Paris, lançou duas gravações pela Naxos, respectivamente com obras de Henrique Oswald e Leopoldo Miguéz (1850-1902), que podem ser consideradas entre as mais significativas produções artísticas e de pesquisa musical aplicada do presente. Ambos os CDs incluem pormenorizados textos de Sérgio Bittencourt Sampaio. Atenção merecem as imagens do Rio de Janeiro de pinturas de Rosalbino Santoro (1884) e de Arthur Thimóteo da Costa (1918) na página-face das gravações, obras da coleção Fundação Sergio Fadel.
Braz Velloso iniciou os seus estudos no Conservatório Brasileiro de Música, tendo tido como professores Homero Magalhães, Lucia Branco e Estela Caldi. Entre 1972 e 1974 tomou parte nos cursos internacionais da Pró Arte em Teresópolis. Transferiu-se para Paris em 1975, passando a ter aulas com Monique Deschaussées e posteriormente com Marian Rybicki na Ecole Normale de Musique. De 1980 a 1985 participou de master-classes de Monique Déchaussées em Barcelona e de Leon Fleisher e Magdalena Tagliaferro em Paris. As suas atividades de solista e em conjuntos de câmara são intensas, tendo-se apresentado no Brasil e em diversos paises europeus. Concebeu eventos que incluem piano, texto e dança, apresentados em várias cidades do Brasil e em Paris.
O CD Henrique Oswald Piano Music (Naxos 9.70200), produzido na Alemanha, foi gravado Igreja Evangélica Saint Marcel de Paris, em junho de 2012. Êle inclui as obras Six Morceaux op. 4 (ca. 1867), com Waltz, Réverie, Menuet, Berceuse, Barcarolle e Impromptu; Trois Romances op. 7; Il Neige; Six Pièces op. 14, com Berceuse, Mazurka, Tarantelle, Barcarolle, Nocturne e Scherzo, e Feuilles d‘Album, op. 20, com Inquiétude, Chansonette, Feux follets e Désir ardent.
Não só as qualidades da sua realização das obras, como também a própria produção visual e de conteúdo dos CD's testemunham não apenas excelência técnica, como grande sensibilidade e atenção à captação do espírito da época.